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Espetáculo “Surdo, Logo Existo” mostra o cotidiano das comunidades surdas no palco

Peça conta com um elenco formado por artistas surdos e terá uma temporada de 20 apresentações gratuitas no Miniauditório do Teatro Guaíra nos finais de semana de fevereiro
Foto:  Giuliano Robert 
Quatro anos depois de uma estreia de sucesso nos palcos curitibanos, o espetáculo teatral “Surdo, Logo Existo” está de volta, em uma temporada de 20 apresentações no Miniauditório do Teatro Guaíra durante os quatro finais de semana de fevereiro, realizadas entre os dias 03 a 25, sempreàs 16h, 18h (sábados e domingos) e às 20h (somente aos sábados). As apresentações são gratuitas, com reserva antecipada de ingressos através da Fluindo Libras, produtora do espetáculo.

 

Em uma sociedade em que a arte e a cultura são produzidas e consumidas hegemonicamente por ouvintes, a peça reúne um elenco formado por artistas surdos, que expõem suas diferentes realidades cotidianas por meio de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), da expressão estética e de experiências visuais.

 

“Surdo, Logo Existo” é composto por esquetes que apresentam diversas cenas do cotidiano das pessoas surdas em uma sociedade ouvinte que não conhece sua língua. Narra-se com corporalidade e visualidade a história dos surdos e da língua de sinais desde o ano de 1700 até os dias atuais, inclusive com episódios de opressão e exclusão, como por exemplo a proibição da língua de sinais pelo Congresso Mundial de Professores de Alunos Surdos, em Milão, Itália, em 1880.

 

Cotidiano das comunidades surdas no palco

 

No espetáculo são mostradas várias situações vividas por uma pessoa surda, como a falta de comunicação com a família, a aquisição tardia da língua de sinais, a imposição arbitrária da prática fonoaudiológica e da oralização na infância, a falta de comunicação e de informação em praticamente todos os espaços públicos e privados, o desrespeito com sua língua e com os profissionais intérpretes, entre outras experiências. 

 

As cenas foram compostas em grupo, resultando em uma história apresentada de forma poética e visual em língua de sinais, sem a “necessidade” de intérprete para ouvintes. Trata-se de uma peça inclusiva, que também contará com determinadas sessões com audiodescrição para atender pessoas com deficiência visual  e outras com guia-intérpretes para surdocegos.

 

Boa parte do elenco esteve presente na primeira montagem da peça em 2019, na Casa 603 (coletivo e espaço de criação de projetos voltados à arte surda e sinalizada de Curitiba). Desde então, o grupo vem realizando diferentes ações artísticas surdas em Curitiba. 

 

Surdo como protagonista em peça que reflete sobre a surdidade

 

O espetáculo tem direção e dramaturgia da dupla formada por Gabriela Grigolom (surda, poeta e atriz, que também compõe o elenco da peça) e  Jonatas Medeiros (tradutor, roteirista, pesquisador e produtor cultural). Para a diretora, o projeto apresenta-se inovador pois se localiza em um campo ainda pouco ou quase nada explorado: a essência do ser surdo manifestada como linguagem e dramaturgia. “Isso enfatiza e viabiliza a disseminação identitária, cultural-linguística do povo surdo na esfera artística, contribuindo para a formação de público surdo no teatro e em outras produções artísticas pelos próprios surdos”, afirma.

 

Gabriela relata que a obra propõe reflexões sobre o “ser surdo” e a surdidade, sobre as barreiras de comunicação na sociedade e sobre a “dita” acessibilidade, subvertida em uma peça inteiramente sinalizada em Libras e sem tradução para os ouvintes. “É uma experiência de inversão e uma imersão no mundo surdo”, completa. 

 

Jonatas Medeiros enfatiza a importância do espetáculo em colocar o surdo como ponto central. “Nosso expoente é o protagonismo das pessoas surdas, enquanto compositores da narrativa, retirando a língua de sinais da mera acessibilidade e colocando-a como central na produção de um espetáculo bilíngue bicultural de estética surda e a plasticidade da poesia visual, difundindo assim a cultura surda e a língua de sinais”, argumenta Jonatas.   

 

“Surdo, Logo Existo” é uma produção da Fluindo Libras, produtora cultural surda e estúdio de tradução em Libras, que compõe um coletivo sinalizante. Atua na promoção da arte protagonizada por surdos, assim como na tradução artística em Libras enquanto experiência estética e cultural. 

 

O espetáculo tem apoio da Bait Nazha - Culinária Libanesa, incentivo da Divesa e é viabilizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. 

 

Serviço:

Espetáculo “Surdo, Logo Existo”

Datas e horários: de 03 a 25 de fevereiro, com apresentações nos sábados às 16h, 18h e 20h, e nos domingos  às 16h e 18h.

* Sessões com audiodescrição: 24 e 25 de fevereiro 

* Sessões com guia-intérpretes para surdocegos: 10, 17 e 24 de fevereiro

Local: Miniauditório do Teatro Guaíra (Auditório Glauco Flores de Sá Brito)

Endereço: Rua Amintas de Barros, 70, Centro, Curitiba - PR

Classificação: Livre

Duração: 60 minutos

Entrada grátis com contribuição voluntária ao final da peça. Ingressos  gratuitos com reserva pela Fluindo Libras: (41) 989036987 (via WhatsApp). 

Retirada de reservas até 30 min antes da peça (obs: ingressos ociosos serão liberados 20 min antes da peça)

Ficha técnica:

Elenco:

Bruno Lopes 

Carlos Eduardo 

Diegho Silva 

Emanuelle Dias

Gabriela Grigolom 

Josiane Machado 

Paula Roque 

Paulo Silva 

Rafaela Hoebel 

Ricardo Fiedler  

Texto e Direção: Gabriela Grigolom e Jonatas Medeiros 

Direção de corpo: Rafaela Hoebel 

Produção Executiva: Felipe Patrício 

Coordenação Geral: Chiris Gomes 

Produção: Rafaela Hoebel, Chiris Gomes e Felipe Patrício 

Produção de figurino: Viviana Rocha 

Criação de Luz: Octávio Camargo e Fernando Dourado 

Operação de luz: Fernando Dourado 

Cenografia: Fernando Marés 

Foto e vídeo: Giuliano Robert 

Identidade Visual: VIK Von 

Maquiagem: Gabriela Viana

Intérprete de Libras: Jonatas Medeiros 

Guia-intérpretes para surdocegos: Gilberto Bertolino e Vanessa Casali 

Audiodescrição: Raquel Carissimi

Captação: Caroline Roehrig

Assessoria de imprensa: Lide multimídia 

Realização: Fluindo Libras e Casa 603

Incentivo: Divesa

Apoio: Bait Nazha - Culinária Libanesa

Projeto realizado com recursos do Programa de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba 

FOTOS; Divulgação