Com uma retomada iniciada no terceiro trimestre e que ganhou fôlego nos últimos três meses do ano, o setor vitivinícola terminou 2017 com dados positivos, apresentando crescimento de 5,67% nas vendas no mercado interno. No total, foram comercializados 363.184.941 litros de vinhos, espumantes, sucos e outros derivados da uva.
Nos vinhos tranquilos, as vendas ficaram positivas em 2,19%, com 189,3 milhões de litros comercializados. Os vinhos espumantes ampliaram o volume em 3,22%, com 17,4 milhões de litros, e os sucos de uva 100% prontos para consumo foram os itens que mostraram melhor desempenho, com expansão de praticamente 16% ante o ano anterior, com 109 milhões de litros vendidos.
“O início do ano foi bem difícil, pois vínhamos de uma quebra de safra recorde (ocorrida em 2016), que aumentou os custos de produção, diminuiu a oferta de produtos, junto com uma crise econômica e política que deixou o mercado bastante retraído. Essa conjuntura começou a se dissipar apenas a partir do terceiro trimestre”, observa o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Oscar Ló. “A partir daí, os espumantes e os sucos, produtos em que temos maior competitividade, já estavam com vendas melhores que em 2016, mas foram os últimos três meses do ano que recuperamos os resultados de fato”, complementa o dirigente.
No ano passado, 32% do total das comercializações foram efetivadas entre outubro e dezembro. Marcio Ferrari, vice-presidente do Ibravin, observa que, a partir da metade do ano, com o ingresso dos produtos elaborados a partir da nova safra – recorde histórico no Rio Grande do Sul, com 753 milhões de quilos – houve um arrefecimento nos custos e, por consequência, nos preços ofertados ao consumidor, assim como uma melhoria na perspectiva econômica no país. Com o resultado, no mercado doméstico, os rótulos nacionais mantiveram a participação de 61,5% nas vendas de vinhos e de 71% nos espumantes.
Somando as vendas dos produtos brasileiros com os volumes de importação, o mercado de vinhos ampliou em 13%. No ano passado, ingressaram no país aproximadamente 125,8 milhões de litros de vinhos e espumantes, representando alta de 36,6% ante 2016. O suco de uva, por sua vez, recuou 18,7%, com o ingresso de 226,5 mil litros.
Para esse ano, a perspectiva é de ampliação dos resultados positivos iniciados no último trimestre de 2017 devido à normalização dos estoques e aos produtos elaborados a partir da safra 2018, considerada de excelência em qualidade. Entretanto, para ampliar a competitividade mercadológica, o setor trabalha pela retirada do vinho do regime de Substituição Tributária (ST).
No início do mês, durante o lançamento da Wines South America, feira internacional que será realizada em setembro, em Bento Gonçalves, Ló fez um pedido para que o governo do Rio Grande Sul lidere um movimento pelo fim da ST. “O Rio Grande do Sul, como maior produtor de uvas e vinhos do país, tem que dar o exemplo junto ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Não estamos pedindo redução de alíquotas, embora este também seja um grande pleito do setor. O que buscamos é alteração na forma de cobrança do ICMS, que pelo regime estabelecido onera principalmente as empresas vinícolas. Diversas unidades da Federação já estão alterando sua legislação e eliminando a ST, já que com os atuais instrumentos existentes para o controle fiscal, a cobrança antecipada do tributo não se justifica. Temos certeza que com esta medida, não haverá perda de arrecadação e poderá estabelecer um estímulo para ampliar ainda mais as vendas no mercado interno”, defendeu.
Os estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Maranhão e Pará já retiraram o mecanismo da ST para os vinhos.
Foto: Dandy Marchetti