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Vinhos de Portugal em São Paulo e suas grandes experiências

O Jk Iguatemi foi o belo cenário escolhido para a estreia da "Vinhos de Portugal" - maior evento de vinhos portugueses do Brasil, em São Paulo. Eu, como adoro vinhos e faço parte da Confraria Feminina do Vinho de Curitiba, participei. Além de cursos, degustações e provas, 66 produtores apresentaram seus rótulos portugueses durante 3 dias, no Mercado do Vinho. Tive o grande prazer de conversar com produtores renomados como Anselmo Mendes e Luis Pato, presentes ao evento. Imperdíveis foram as palestras nas Salas de Provas, com o Master of Wine Dirceu Vianna Júnior, Jorge Lucki, Luís Lopes e Manuel CarvalhoPortugal com seus encantos foi marcado nas cores do evento e na decoração e não faltou o bondinho e nem a estátua do poeta Fernando Pessoa para as fotos. As estrelas foram os vinhos das regiões do Porto e Douro, Dão, Alentejo, Península de Setúbal, Bairrada, Lisboa, Tejo, Vinho Verde, Trás-Os-Montes, Beira Interior, Algarve, Madeira e Açores. São 250 castas portuguesas catalogadas, mas a mais festejadas são: Alvarinho, Encruzado, Loureiro, Castelão, Tinta Roriz e a queridinha, cultivada em várias regiões portuguesas e muito exportadas: Touriga Nacional. O evento em São Paulo foi uma parceria entre a Vinhos de Portugal, o Globo e Valor Econômico, pelo jornal Público de Portugal e Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, com o apoio das Comissões Vitivinicolas do Alentejo, Dão e Setúbal.
Dentro da programação, os encontros regados a ótimos vinhos e descontração com os mestres, aconteceram em vários momentos do "Tomar um Copo", no terraço do shopping, oportunidade oferecida dentro de 20 minutos com grandes nomes, onde bebia-se um vinho e falava-se um pouco sobre eles. Muito legal e produtivo!!
O Master of Wine Dirceu Vianna Júnior, brasileiro que reside em Londres há quase 30 anos, consultor técnico de grandes vinícolas e colaborador da revista Decanter, na Inglaterra, encanta pela simplicidade e por comentar grandes vinhos, desmistificando, sem frescuras. Um bate-papo marcante, proveitoso e descontraído. Entre tantas coisas comentou que os melhores produtores de vinhos estão abertos prontamente a se comunicar, a aprender, conversar e a compartilhar ideias, como os portugueses presentes ao evento. Eles tentam capturar o que o vinhedo tem de melhor, as suas características e muitos usam de auto-inspiração e baixa tecnologia para fazer o melhor e colocar grandes vinhos em uma taça. Que uma grande safra, pode ser legendária como um Bordeaux safra 1947 ou um 1961; clássica como um vinho do Porto 1970, que degustamos durante a palestra; exótica como a atípica safra 2003, em Champagne, ou a safra dos vinhos mal entendidos, anos difíceis mas que resultaram em um bom vinho, como 2013, na Argentina, entre outros citados. Reconhecer os aromas do vinho é fundamental para uma degustação. Aprendi muito, mas vou abreviar porque vai faltar espaço para tantos comentários.
Participei de duas palestras de Dirceu Vianna Júnior , uma sobre "Grandes produtores e safras históricas" e outra sobre "As castas clássicas e autênticas de Portugal" com vinhos excelentes e anotei algumas características dos mesmos. Vinho Porca da Murça Reserva 1998, da Real Companhia Velha, vinho seco de vinhedos de altitude da região do Douro onde 60% é um blend originário de varietais velhas. A vinificação foi normal, uvas colhidas a mão e que terminou em barricas de carvalho francês por 1 ano. Vinho vibrante de 20 anos, longevo, mas que ficará bom também se degustado daqui há 10 anos, linda cor dourada, complexo no nariz, frutas secas maduras (damasco, amêndoas, mel e flores de campo. O segundo vinho degustado foi o Esporão Reserva 2011, originário do sol do Alentejo. Corte de Aragonês e Alicante Bouschet.  Vinho sofisticado, fino, mineral, fermentado em cubas de inox, 70% envelhecido em carvalho americano e 30% em carvalho francês, no mínimo 6 meses em garrafa. De ótima acidez, taninos elegantes, notas de cassis, mirtilo, especiarias exóticas. Segundo Dirceu, vinho um pouco contido podendo envelhecer mais para chegar ao ápice. 14,5% teor alcoólico.O terceiro vinho a ser aberto e comentado foi o  Quinta do Vallado Touriga Nacional 2011: safra histórica do Douro, 100% Touriga Nacional, originário de vinhedo de 20 anos, solo xistoso, fermentou por 16 dias, cerca de 24 graus, envelheceu por 16 meses em madeira 30% madeira nova e 70% madeira velha. Exuberância em notas de frutos negros, mirtilo, amoras, violetas. Quarto vinho: Abandonado 2005, o nome e o vinho são também inspiram poesia, do grande produtor Domingos Guilhermino do Reis Alves de Souza, é um vinho maravilhoso, de vinhas velhas de 80 anos e uma mistura de 20 castas. Vinho longevo e fresco, aroma de alcaçuz, arruda e pimenta. Quinto vinho: Xisto-Roquette & Cazes 2004: da região do Esporão, vinhedos de 25 anos, com 60% Tinta Roriz e 40% Touriga Nacional. Especiarias, passas, cedro, ervas secas. Vinho misterioso, complexidade nos aromas e sabores. Delicioso! 



O sexto e último vinho dessa prova foi nada menos que um porto vintage Graham's Vintage 1970, da Symington Family Estates. Como disse o mestre é quase um poema, emociona! Vinho para ocasiões especiais. Complexidade em um vinho inesquecível, taninos sedosos, 70 gramas de açúcar bem integrado, frutas secas caramelizadas... um espetáculo à parte. Agradecida.. é pouco!
A segunda prova que participei também com Dirceu, foi incrível: Quinta do Ameal Loureiro 2015: Casta do norte de Portugal, no Minho. Vinhedos de 20 anos, cujo vinho compõe o corte do Vinho Verde, solo granítico, tem mineralidade, refrescância. É um dos  melhores loureiros de Portugal, na opinião de Dirceu Vianna Júnior. Como o próprio nome faz lembrar, Loureiro vem de louro, aroma de folha, laranja, maçã, frutas cítricas, acácia. Casta vigorosa que não envelhece muito bem. Passou por inox, não tem madeira, 3 meses nas borras para dar textura. Harmoniza bem com frutos do mar , sushi ou outra comida japonesa leve. Foi servido em temperatura muito fria, e como ele disse: um bom vinho branco não deve ser servido muito gelado para que não perca a sua personalidade. Estava assim mesmo, saboroso! Expressões 2015, de Alsemo Mendes, foi o segundo vinho. da região de Monção e Melgaço, no Norte de Portugal. Casta Alvarinho de pele grossa e ótima acidez. Vinhos que envelhecem muito bem e é longevo. Se o clima for mais frio teremos um vinho mais cítrico e mais quente um vinho tropical e mais exótico desta casta. O suco fica sobre as borras para liberar proteínas e dar mais amplitude ao vinho. Fermentação começa em tanques e depois estagia em barricas e 400 litros de carvalho francês. O terceiro vinho comentado e degustado foi o Ribeiro Santo Encruzado Vinhedo Novo 2016, da Magno Wines, de Carlos Lucas. Casta Encruzado, longevo, vinhedo de 30 anos da região do Dão. Solo granítico. Vinho tem a fermentação em temperatura baixa, fica 4 meses em barrica em contato com as borras. Vinho bom, mas muito jovem, ficará melhor daqui 10 anos. Frutas tropicais. Quarto vinho: Venâncio da Costa Lima 2014, do produtor de mesmo nome, da região de Palmela. 100% Castelão (uva que é sinônimo do vinho Periquita), com pele grossa, rústica e de boa acidez e quando podada com mais vigor, rende vinhos mais encorpados. Colheita manual, foi ao tanque, passou por barricas novas de 250 lt. por aproximadamente 9 meses. Graduação alcoólica de 14,5%. O Quinta do Castro Tinta Roriz 2014, do Douro, retem bem a acidez e o frescor. A Tinta Roriz tem pele grossa e são oriundas de 3 vinhedos velhos, com rendimento baixo e de alta qualidade. Tanques de inox a 30 graus, e 16 a 18 meses em madeira francesa nova. Taninos firmes e sofisticados, mas madeira muito marcada, deve envelhecer por mais 10 anos para evoluir bem. 14,5% v. álcool.
O sexto e último vinho dessa prova foi o Cortes de Cima Touriga Nacional 2014. O produtor Cortes de Cima é da região quente do Alentejo, distrito de Viseu, em Portugal e faz vinhos de muita qualidade, em 11 mil hectares de Touriga Nacional plantados e vinhedos de 40 anos. Solo argilo-calcário. Colheita manual, seleção de ótimos frutos. Vinho envelheceu 6 meses nas borras e 8 meses em barricas francesas. Ficou 1 ano e 2 meses em garrafa, 13,5% grau alcoólico. Vinho tem exuberância, complexidade e muita elegância.
Tomada geral a sala de provas onde pudemos ouvir e degustar os vinhos.



Dirceu Vianna Júnior também foi uma das estrelas do "Tomar um Copo" e apresentou 2 grandes vinhos: Luis Pato e o raríssimo Venâncio Costa Lima, fortificado de 30 anos, que ele levou exclusivamente para a prova e nós, os felizes contemplados com uma taça. Uva Moscatel, colhidas e selecionadas a mão, com adição de aguardente. Ficou em contato com as cascas por 6 meses, envelheceu muito bem e por muito tempo. Frutas secas caramelizadas. Vinho extraordinário.. vinho para reflexão, paixão...
Como tietagem também faz parte do show, eu com Dirceu Vianna Júnior, nosso Master of Wine.
Com o festejado e carismático produtor Anselmo Mendes, no Mercado de Vinhos.
Com o querido e irreverente produtor Luis Pato.
O especialista em vinhos Jorge Lucki, também abrilhantou a "Vinhos de Portugal" com palestras e eu não perdi a foto ao seu lado.
Márcia Toccafondo (eu), Carmen Moraes, Ligia Coelho dos Santos, da Caminhos Cruzados e Eunice Rocha.
Muito legal o contato com os produtores durante o evento, podendo degustar e aprender um pouco sobre cada um. Aqui estou no stand da Lusovini.                             
Fotos por Márcia Toccafondo.